Thinking wood

Painel virtual promovido pela Amata reúne profissionais de diferentes partes do mundo
  

“Thinking wood – construindo hoje as cidades do futuro: inovação, tecnologia e sustentabilidade” foi o tema do encontro virtual promovido pela Amata, que contou com as presenças de grandes nomes do mercado internacional, como o arquiteto Andrew Waugh e o engenheiro Alan Dowdall, ambos da Inglaterra, e o engenheiro Tim Butler, da Austrália. Todos têm em comum em seus portfólios edificações icônicas de diferentes escalas erguidas com madeira engenheirada. 

Waugh, que defende o uso da madeira como protagonista na construção civil, disse que nos últimos 20 anos tem pesquisado tudo a respeito da madeira engenheirada, principalmente o CLT (cross laminated timber) e o MLC (madeira lamelada colada). A decisão de mudar o método construtivo dos projetos de seu escritório foi tomada em função das mudanças climáticas provocadas por agentes nocivos ao meio ambiente, como o concreto e o aço – responsáveis pela maior parte da emissão de gás carbônico. “Precisávamos assumir responsabilidades e começar a fazer a diferença no mundo, até que em 2003 construímos o primeiro prédio em CLT, no sul de Londres”.

Segundo o arquiteto, deste pequeno edifício surgiram outros bem maiores, mas o importante foi despertar a consciência para projetos com o uso do sistema industrializado e iniciar um debate sobre a criação de habitações, espaços corporativos e comerciais com baixa emissão de CO2.

O desejo de criar projetos cada vez mais sustentáveis recentemente levou Andrew Waugh a um grande desafio na Noruega. Ele e sua equipe estão projetando um complexo de uso misto: conjuntos habitacionais, centros de lazer, unidades de saúde, comércio, além de edificações culturais e educacionais, tudo em madeira engenheirada. Na verdade, será feita uma revitalização urbana da região. “Estamos dando origem a uma arquitetura regenerativa, que, inclusive, emitirá zero carbono na fase construtiva”, contou.

Estética e bem-estar

Assim como a Inglaterra, a Austrália é outro país a integrar a lista de edificações sustentáveis. Tudo começou em 2012, com o Forte Melbourne, um edifício de 10 andares de madeira engenheirada, cuja estrutura de CLT foi concluída em apenas 40 dias. Tim Butler, engenheiro responsável pela Lendlease, empresa que desenvolveu a obra, comentou em sua apresentação o porquê da opção pelo sistema. Um dos motivos foi o terreno ter características peculiares, tornando o uso do concreto inviável, devido à sobrecarga nas fundações.

Dois anos depois, na mesma cidade, foi a vez da “Library at the Dock”, primeiro prédio de uso público também construído em CLT e MLC. Com três pavimentos, a parte estrutural foi montada em apenas 60 dias, por seis funcionários. O engenheiro Butler destacou que além dos aspectos sustentáveis, como o reaproveitamento de parte da estrutura do edifício antigo à beira do cais, a estética foi uma das premissas. “A madeira conferiu a sensação de bem-estar e conforto às instalações internas, característica importante para o tipo de uso”.

Engajamento do setor

Na Inglaterra, à frente da Ramboll, o engenheiro estrutural Alan Dowdall há 15 anos estuda o comportamento da madeira engenheirada em projetos de diferentes tipologias. Para disseminar o conhecimento sobre a tecnologia em toda a Escandinávia, criou um grupo dentro da própria companhia, o Timber Network Excellence. O propósito é fomentar o engajamento de toda a indústria.  “Queremos estimular cada vez mais a pesquisa e a inovação, conectar fornecedores e profissionais, a fim de aprimorar as habilidades de todos”, contou durante o encontro.

Uma das preocupações do engenheiro, que já participou de mais de 50 obras em madeira, é pensar no todo. Para ele, um projeto deve considerar não somente o desenho arquitetônico e estrutural, mas todas as interfaces do sistema, até mesmo os parafusos e demais conexões metálicas usadas na montagem.

A obra mais recente da Ramboll fica no Reino Unido, uma escola com 12 mil m2, construída inteiramente com CLT e MLC. A edificação segue todos os princípios de sustentabilidade, inclusive, dispõe de recursos para a geração de 80% da energia consumida, além da grande quantidade de carbono economizada na etapa construtiva, entre outras características.

As informações completas do painel virtual, com detalhes desta e outras obras apresentadas, assista abaixo.