Seguindo a tradição nórdica, o Sara Cultural Centre revela a potência da madeira nos espaços culturais
Abrigando locais para artes, performances, literatura e um hotel para receber o crescente número de turistas na cidade, o Sara Cultural Centre, em Skellefteå, norte da Suécia, é um dos edifícios de madeira mais altos do mundo. Localizada logo abaixo do Círculo Polar Ártico, a cidade tem uma longa tradição de construção em madeira que é ambiciosamente explorada no projeto.
Por dentro da tecnologia de madeira engenheirada, os escritórios de arquitetura White Arkitekter e de engenharia Florian Kosche desenvolveram dois sistemas construtivos, um para o centro cultural – pilares e vigas de Glulam (Glued Laminated Timber, ou madeira lamelada colada, em português) e paredes de cisalhamento em CLT (Cross Laminated Timber, ou madeira lamelada colada cruzada, em português) – e outro para o hotel – módulos pré-fabricados em CLT empilhados entre dois núcleos de elevadores.
Com 75 metros de altura, o hotel de 20 andares oferece vistas espetaculares que se estendem por quilômetros sobre a cidade e é envolvido pelo núcleo cultural com seus 13 andares. A construção em madeira foi projetada para resistir às duras condições climáticas da cidade, ao mesmo tempo em que permanece eficiente em termos energéticos. O telhado verde contribui para o isolamento térmico, além de absorver a poluição sonora, aumentar a biodiversidade e retardar o escoamento das águas pluviais.
O projeto de 30.000 m2 arquitetonicamente integrado permitiu que a estrutura fosse construída inteiramente sem concreto, acelerando o tempo de construção e reduzindo a pegada de carbono. A construção é feita majoritariamente de madeira cultivada nas florestas plantadas boreais regionais e painéis solares e sistemas de energia eficientes contribuem para minimizar a pegada climática do projeto.
As treliças características acima dos grandes foyers são compostas por um sistema híbrido de CLT e aço, o que permite um espaço flexível e de plano aberto, para abrigar uma variedade de atividades e funções. Entregue em 2021, a flexibilidade de uso garante a sustentabilidade do edifício no longo prazo, permitindo que os espaços possam ser adaptados às demandas futuras.