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Madeira é trunfo de marcas do varejo que buscam aliar sustentabilidade a experiências de consumo

Os hábitos de consumo dos brasileiros mudaram rapidamente nestes últimos meses. Dados da consultoria eMarketer mostram que, devido à pandemia, em 2020 o Brasil registrou um aumento de 35% nas vendas online, com um salto de 50% no faturamento e 7,3 milhões de novos consumidores digitais apenas no primeiro semestre. Mas as lojas físicas estão longe de perderem importância. Elas se mantêm estratégicas como forma de consolidar o relacionamento entre marcas e clientes e são a melhor alternativa para quem se sente mais seguro de realizar a compra presencialmente. Atendem bem também aqueles que querem experimentar o produto antes de decidir se irão levá-lo ou mesmo para quem busca uma experiência prazerosa em um local agradável e convidativo. Para as marcas, é uma oportunidade de se posicionarem a favor da inovação e da sustentabilidade.

madeira foi a aposta do McDonald’s para a criação de sua nova flagship em Chicago, substituindo os tradicionais revestimentos e mobiliário plásticos. A escolha do material reflete o esforço da cadeia de fast food em tentar reduzir sua pegada de carbono e responder melhor às preocupações de seus clientes em relação à sustentabilidade. A loja de 19 mil metros quadrados é o primeiro espaço comercial de Chicago feito em madeira lamelada colada cruzada (ou CLT, sigla em inglês para Cross Laminated Timber). A arquitetura é do escritório Ross Barney Architects, que recorreu ao design ecológico para dar mais autenticidade ao projeto.

o Wallmart prepara o maior campus corporativo feito em madeira do mundo, com 223 mil metros quadrados na cidade de Conway, no Arkansas, Estados Unidos. O investimento estimado é de US$ 90 milhões. “A melhor parte será a experiência que nossos associados terão trabalhando neste espaço de conceito aberto com tetos altos e abundante luz natural”, diz um comunicado da empresa. “A madeira maciça é o que há de mais moderno em engenharia de precisão, design e práticas de construção”, resume o texto. O projeto fará uso de MLC (madeira lamelada colada, ou glulam) para as colunas e vigas, enquanto o CLT estará presente no piso, lajes e paredes.

A Apple apostou na madeira em dois projetos recentes realizados com o Foster + Partners, escritório liderado pelo britânico Norman Foster, vencedor do Prêmio Pritzker, considerado o Nobel da Arquitetura. As lojas de Regent Street, em Londres, e de Bangkok, na Tailândia, foram concebidas para proporcionar uma experiência mais dinâmica aos visitantes em ambientes acolhedores. Inaugurado no ano passado, o espaço tailandês é composto por um tambor cilíndrico de vidro de dois andares e 24 metros de diâmetro. A coluna central de lâminas de carvalho em formato cônico arremata a proposta de destacar a sustentabilidade e a integração visual a partir de uma concepção 360 graus. Ao redor dela, uma delicada escada em vidro e metal faz a integração entre os pisos, que também se valem de colunas espelhadas de modo a realçar apenas os elementos naturais. Todo o mobiliário, como bancadas para exposição dos produtos e bancos cúbicos individuais, é igualmente estruturado em madeira.

No Brasil, a tendência começa a ganhar força por meio de projetos como o da varejista Fast Shop, que convidou o arquiteto japonês Kengo Kuma para explorar todo o potencial da madeira em sua Fast Shop Lifestyle Ibirapuera Flagship. Localizada no Shopping Ibirapuera, em São Paulo, a loja conceito explora acabamentos e elementos decorativos em madeira inspirados na cultura nipônica. Entre eles, o Sudare, cortina feita com ripas de bambu horizontais e que na loja foram penduradas no teto compondo curvas suspensas e orgânicas.

Projetos como esses demonstram a importância que a madeira vem ganhando no varejo pós-pandemia, em que a compra em lojas físicas precisa ser suficientemente interessante e atraente para justificar a presença dos consumidores, ávidos por experiências que tragam conforto, aconchego e bem-estar.

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