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Madeira: de elemento ancestral a resposta contemporânea

A resistência, as propriedades térmicas, a tradição histórica, a versatilidade. Difícil atribuir a um único fator o que fez com que a madeira se tornasse um dos principais elementos naturais de apoio ao desenvolvimento humano, usada tanto em concepções construtivas quanto na criação de equipamentos, mobiliário e meios de locomoção. No mundo todo e ao longo de toda a história, há uma vasta documentação sobre vestígios e registros do uso da madeira por diversas civilizações. As primeiras delas datam ainda do período Paleolítico, chapas de madeira de pelo menos 3000 aC. Foram os troncos de árvores que permitiram aos nossos ancestrais saírem das cavernas em busca de outros tipos de abrigo.

No Brasil, a abundância da madeira foi determinante para que etnias indígenas espalhadas por todo o território utilizassem esse material para erguer habitações e espaços de convívio social. A chegada de imigrantes europeus no século XIX ampliou o repertório e as possibilidades de uso, mas foi o concreto que se tornou predominante na expansão dos centros urbanos no século seguinte. Em algumas localidades do Sul do país como também em São Paulo e outros estados que vivenciaram grande crescimento demográfico, bairros e cidades se desenvolveram calcadas no amplo uso das construções em madeira. 

Atualmente, a Europa pode ser considerada a grande referência em uso construtivo da madeira, através de tecnologias pré-fabricadas como a mass timber, nacionalmente conhecida como madeira engenheirada. Destacam-se os países nórdicos e aqueles localizados na região dos alpes, em grande parte devido à disponibilidade local do material. Áustria e Suíça tiveram papel preponderante no aperfeiçoamento de soluções que em pouco tempo passaram a ser adotadas no Canadá, Estados Unidos, Austrália e Japão. 

O avanço, porém, segue tanto entre os que dispõem de tradição e fácil acesso quanto entre os que passaram a empregar a madeira somente nas últimas décadas e muitas vezes à custa de importação. É o caso do Reino Unido, que entre 1998 e 2008 viu passar de 8% para 25% a proporção de edificações de madeira existentes. Políticas ambientais e a popularidade alcançada pelos primeiros projetos desenvolvidos na região foram determinantes para impulsionar o uso e a disseminação de técnicas. 

Exemplos como esse deixam claro que a prática é o melhor argumento a favor da ampliação do uso da madeira nas mais variadas tipologias e programas. O resgate dessa prática secular responde a algumas das mais graves questões contemporâneas, como o combate às mudanças climáticas e a necessidade de emprego de recursos renováveis a partir de uma economia de baixo carbono. Tal visão motivou a Amata, referência no setor florestal, a lançar a Urbem, marca focada na produção de madeira engenheirada em larga escala, vislumbrando criar hoje as cidades do futuro. Somente através dessa volta às origens poderemos resgatar o que de mais valioso fomos capazes de desenvolver: uma convivência inteligente, respeitosa e harmônica com o ambiente, que hoje é a única maneira de assegurarmos um desenvolvimento equilibrado e longevo para nossa espécie e as demais que habitam o planeta.

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