Você compraria um terreno sem endereço? Não? Pois bem, acredito que logo você vai se acostumar com essa ideia, segundo os futuristas. Embora para muita gente o metaverso ainda pareça uma galáxia distante, empresas do mercado imobiliário já estruturam empreendimentos e oportunidades nesse ambiente virtual cada vez mais falado.
O termo metaverso surgiu em 1992, no livro de ficção Snow Crash, do americano Neal Stephenson, que foi colaborador da revista Wired e consultor da Blue Origin, criada por Jeff Bezos para explorar viagens espaciais. Na obra, o protagonista vive em um mundo paralelo, em uma vida que mescla o real e o digital. Anos depois, o jogo Second Life trouxe a mesma ideia com avatares, propondo interação e uma vida paralela – e existe até hoje. “Naquela época, o mundo ainda não estava estruturado para realizar trocas financeiras no ambiente virtual, diferente de agora que temos a tecnologia blockchain”, explica Isabela Baracat, Arquiteta e especialista em projetos comerciais e mercado imobiliário, e fundadora da Labs Media Br, empresa que cria experiências baseada na fusão do físico com o digital. “O metaverso ganhou maior popularidade no ano passado, quando o Facebook mudou sua marca para se chamar Meta”, conta.
Transações e relacionamentos em diferentes plataformas, tais como Roblox, Fornite e até mesmo o The Sims, começaram a ser vistos como interfaces não apenas para passar o tempo, como também para ganhar dinheiro.
Terrenos virtuais
Os adeptos dessa linha evolutiva afirmam que o metaverso é uma ponte que nos conduzirá à web 3.0, uma versão mais potente e descentralizada da rede mundial que hoje conecta pessoas e equipamentos de todos os tipos, no mundo todo.
Marcas de luxo da moda e até supermercados têm criado lojas e experiências de forma experimental. Para o mercado imobiliário, já existem terrenos à venda e empreendimentos em desenvolvimento. “Atualmente estão concentrados nas maiores plataformas, como Sandbox e Decentraland, superando 268 mil unidades”, conta Isabela. A incorporadora EveryRealm faz empreendimentos e tem terrenos à venda no metaverso, caso da Fantasy Islands.
Mas por que alguém compraria um terreno virtual? A resposta está no acesso que esses bens oferecem, lógica que se aplica a outros produtos virtuais. Os proprietários podem frequentar lugares exclusivos, além de contarem com mais opções de entretenimento. Em outras palavras, ser membro da Fantasy Islands é integrar um seleto e privilegiado grupo. E, se tem uma coisa que os seres humanos valorizam, é se sentirem parte de um coletivo.
Outra possibilidade que esse “mundo paralelo” oferece é a de que empresas utilizem o ambiente virtual para testar produtos e soluções. São os chamados gêmeos digitais, tecnologia que traz vários benefícios ao mundo físico. Dessa forma é possível antecipar eventuais falhas e aprimorar processos. Há pessoas que criam versões gêmeas de suas próprias casas para tentarem descobrir como aperfeiçoar a residência da vida real. Imagine poder receber ideias sobre como decorar sua lavanderia? Ou testar a proporção de um móvel de forma automática? Ou, ainda, participar de um jogo envolvendo marcas e ganhos reais?
Seul deve ser a primeira cidade a migrar seus processos para o metaverso. Estima-se que até novembro deste ano, os moradores poderão realizar atividades burocráticas e administrativas no cenário virtual, de um jeito mais leve e até divertido. Pessoas do mundo poderão ser turistas virtuais da cidade.
O importante é abrir a mente a esse novo universo, entendendo que é, de fato, um ponto de contato com o cliente e um canal de comunicação com as novas gerações (Z e Alpha), mas ainda um ambiente pouco explorado por empresas.