blog urbem

Alta nos preços de materiais de construção e incertezas nos juros impulsionam métodos inovadores

Embora o mercado imobiliário venha acumulando excelente desempenho ao longo da pandemia, o otimismo dos meses recentes vai sendo gradualmente eclipsado por algumas preocupações. Os juros baixos que motivaram um grande volume de contratações de crédito imobiliário já não devem continuar assim tão baixos, como apontam as projeções para a taxa Selic. Com isso, há um segundo efeito colateral: as aplicações em renda fixa voltam a ser atrativas, disputando a atenção dos investidores que até o momento davam preferência a produtos imobiliários.

Do lado de quem produz as edificações, mais problemas. A escassez de matérias-primas, em parte causada pela desorganização da cadeia produtiva, elevou os preços dos materiais de construção. O segmento já acumula 34,5% de aumento de julho do ano passado a julho deste ano, como indica o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Como afirma o economista Celso Ming em sua coluna publicada recentemente pelo jornal O Estado de S. Paulo, o descontrole dos preços atrapalha o desenvolvimento dos projetos desde a elaboração de orçamentos até o término das obras. A questão torna-se ainda mais complexa ao considerar o intervalo de cerca de um ano e meio até o lançamento do empreendimento e de mais dois anos até sua conclusão, o que dificulta o repasse dos novos custos.

“A melhor forma de driblar as incertezas do momento é investir em tecnologias capazes de melhorar a produtividade e reduzir os desperdícios”, escreve Ming, indicando como solução os novos métodos de construção do tipo off-site, baseados em estruturas que chegam ao canteiro de obras para montagem. Esses tipos de sistemas, tendem a ganhar mais adeptos por permitir obras mais limpas, curtas e, portanto, bem mais previsíveis do ponto de vista orçamentário.

“Ao longo dos últimos meses, hospitais foram construídos ou ampliados, em um período de 30 a 40 dias, por meio da utilização de peças modulares. Foram, por exemplo, os casos do Hospital do M’Boi Mirim, na zona sul de São Paulo, do Hospital Regional do Guará, em Brasília, e do Hospital da Retaguarda, em São José dos Campos. 

A carga tributária, especialmente do ICMS, a escassez de mão de obra qualificada para realizar as montagens off-site e os processos de licitações que ainda privilegiam os métodos convencionais são considerados desafios para o crescimento da indústria de construção off-site. Por outro lado, os sucessivos aumentos de preços indicam que investir em caminhos inovadores pode se mostrar um atalho para equilibrar as contas durante e após a realização das obras.

Outras Publicações